PRAÇA JOSÉ BASTOS


A praça hoje chamada José Bastos antigamente era denominada de “praça da Estação”, que ficava no local onde é hoje a FTC (Faculdade de Tecnologia e Ciências). A ferrovia que existia ligava Itabuna a Ilhéus, porém, em 1968, foi definitivamente extinta por não ter mais o que transportar e porque a rodovia Ilhéus-Itabuna já estava asfaltada, facilitando a comunicação entre as duas cidades. A estação de trem foi demolida para dar lugar a uma grande feira. Em 1911, parte do local da antiga feira transformou-se em praça em 1911, inaugurada por Olinto Batista Leone e se chamou Gameleira em função de uma grande árvore do mesmo nome ali localizada. Em 1945 passou a se chamar João Pessoa e em 1958, José Bastos, em homenagem ao poeta do mesmo nome. A feira, que ainda continuava em frente à praça, foi definitivamente extinta em dezembro de 1972. No período de 1973 a 1976, da administração do então prefeito José Oduque Teixeira, ali foi construído o prédio da Prefeitura Municipal quefuncionou até 1999. Hoje o prédio abriga a Faculdade de Tecnologia e Ciências – FTC.

Ao longo dos anos a Praça José Bastos abrigou diversos espaços e prédios que foram importantes para a história de Itabuna, como a Estação Ferroviária, a Feira Livre, o Instituto de Cacau da Bahia (ICB), o prédio do Jornal Diário de Itabuna e Rádio Jornal, o Fórum Ruy Barbosa, o Centro Administrativo Municipal (hoje FTC) além da proximidade com o antigo prédio da Associação Comercial de Itabuna, fundado em 1930, hoje reformado.


JOSÉ BASTOS: O POETA QUE DÁ NOME A PRAÇA

Nascido antes da emancipação de Itabuna, no arraial de Água Preta (hoje bairro Antique) em 1905, José Bastos completou o aprendizado das letras em Itabuna e depois foi para Salvador só retornando para sua cidade natal com a morte do seu pai, em agosto de 1918. Em dezembro de 1924 assinou seu primeiro soneto, com o título de “Náiade Exilada”, publicado no jornal local O Intransigente. No ano seguinte, voltou para Salvador onde concluiu o curso secundário e deu aulas para alunos do ensino primário, no Ginásio Ipiranga. Retornando à Itabuna em 1927 ingressou no jornalismo local e fez parte da equipe do Jornal A Época, onde publicou a maior parte da sua obra poética. Também foi redator do jornal humorístico “O Gavião”. Seu único livro, intitulado “Horas Líricas” foi originalmente publicado em 1930 e reeditado como uma homenagem ao poeta em 1960, no cinquentenário de Itabuna. Na ocasião da publicação da primeira edição do livro viajou ao Rio de Janeiro onde pretendia projetar-se na vida cultural da cidade, mas não obteve sucesso. Afetado emocionalmente pela melancolia e vítima da tuberculose, num ato de desencanto ateou fogo em toda a sua produção ainda inédita em verso e prosa. Foi um poeta de estética parnasiana que utilizou o uso de palavras incomuns, evitando intimismos em favor da objetividade. Sua temática se volta para a natureza, para assuntos arqueológicos, mitológicos ou históricos. O poeta procura de maneira intencional os ideais clássicos de beleza, equilíbrio, universalidade, com o objetivo de atingir os ideais do Parnasianismo. José Bastos faleceu no ano de 1937.


ITABUNA (SONETO)

Minha terra natal! Que te abrasas e inundas

De tanto sol! Assim, entre agrestes verdores

Do Cachoeira escutando os bravios rumores,

Como a Iara gentil dessas águas profundas!

Quantas poesias tens nas árvores jucundas

Que te cercam além! Nas casas multicores,

Que se alteiam brilhando, entre ramos e flores,

E enchem de encanto e vida estas plagas fecundas!

Ah! Como eu sou feliz e me sinto orgulhoso

De um dia ter nascido em teu seio faustoso,

Sob o esplendor de um céu de beleza tão rara!

De me haver embalado à cantiga e ao gemido

Do Cachoeira, que rola a água profunda e clara,

Escumando aos teus pés como um jaguar ferido!...

José Bastos


ESTAÇÃO FERROVIÁRIA DE ITABUNA

“Seu apito estridente fez tremer a terra, alegrando os meninos, impressionando as mocinhas, surpreendendo os velhos mateiros, afugentando os animais e colocando a cidade nos trilhos. Itabuna finalmente passava a ser servida pelo transporte moderno. O trem chegou para servir aos vinte mil habitantes da nova terra do cacau. O populacho entrava pelas rodas das locomotivas, com aplausos de muitos e restrições de poucos. Esses poucos diziam: ‘eu é que não vou trocar o meu cavalo bom por este cavalo de ferro'. Tertuliano Guedes de Pinho externava a sua opinião favorável, elogiava os ingleses, donos da estrada de ferro, sem lhes pronunciar os nomes porque não acertava. Henrique Félix e José de Aguiar eram formalmente adversários (...)”. Terras de Itabuna (1960) – Carlos Pereira Filho Em 21 de agosto de 2013 Itabuna comemorava a inauguração da sua Estação Ferroviária. A linha-tronco do trecho Ilhéus-Itabuna havia sido aberta desde 1910 por investidores ingleses da The State Of Bahia South Western Railway, num percurso de 59 quilômetros. O projeto inicial era para construir a estrada de ferro ligando Ilhéus a Vitória da Conquista. Em sua primeira viagem, o trem tinha três classes para passageiros, um vagão de carga e outro exclusivamente para a lenha consumida pela locomotiva. A novidade trazida pela chegada da linha de trem para uma Itabuna há pouco emancipada, completava a ideia de desenvolvimento da cidade, trazida também pela implantação do sistema de iluminação pública a acetileno, no dia 1º de março de 1911, pelo então intendente Olynto Leone.

Embora o projeto inicial da linha férrea nunca tenha chegado à Vitória da Conquista, por mais de 40 anos a estrada de ferro do trecho Itabuna-Ilhéus prestou um grande serviço no transporte pessoas e cargas para as duas cidades e para seus povoados e distritos. A linha foi completamente desativada em 1964, por determinação do governo federal e a estação de Itabuna foi demolida.


ANTIGO PRÉDIO DO ICB

Em Itabuna, o Instituto de Cacau da Bahia - ICB, teve sua representação na década de 1930 e se constituiu num importante símbolo da prosperidade, opulência e do poder dos cacauicultores. O ICB foi um dos órgãos mais influentes da Bahia e no âmbito da nossa região, onde políticos se reuniam para discutir e traçar suas plataformas de atuação no cenário estadual. O prédio do antigo ICB em Itabuna, após sua glória e esplendor, passou a ser um espaço utilizado pela Cesta do Povo, um supermercado do governo do estado da Bahia.

Atualmente, o prédio que necessita de restauração e utilização, apenas nos reporta às memórias da grandeza e do final da fase de grandeza dos frutos de ouro. 


FÓRUM RUY BARBOSA

O Fórum Rui Barbosa de Itabuna foi inaugurado em 1966. O local era ocupado anteriormente por um morro, que foi removido. Neste espaço, ficavam amarrados os animais para serem comercializados ou que traziam as pessoas para a feira a feira livre que ali funcionava. Em 2014 a cidade ganhou um novo Fórum, localizado na Av. Fernando Gomes. Em seu antigo prédio hoje funciona a Reitoria da Universidade Federal do Sul da Bahia – UFSB, instalada a partir de 2021.


DIÁRIO DE ITABUNA

O Diário de Itabuna, fundado em 20 de outubro de 1957 pelos empreendedores Ottoni Silva e Zildo Guimarães, circulou por 38 anos testemunhando e escrevendo muitas páginas da história de Itabuna. Nasceu sob a inspiração de Ottoni Silva que havia saído de uma experiência vitoriosa de quase 30 anos à frente  do Jornal O Intransigente, veículo que dirigiu e transformou no mais influente jornal de sua época. Na festa de inauguração, a fita simbólica foi cortada pelo prefeito da época, Francisco Ferreira da Silva (1955/1959), seguida das bênçãos da igreja Católica, com o padre Nestor Passos e alguns discursos proferidos por personalidades presentes como o empresário e político José Soares Pinheiro e o próprio Ottoni Silva, que falou em nome da direção do Diário de Itabuna.

O Diário de Itabuna funcionou inicialmente na Rua Paulino Vieira, 232, nas proximidades de onde é hoje a Livraria Brasília, somente vindo a mudar de endereço em 1965, quando ocupou o térreo do nº 2 da Praça José Bastos (mesmo prédio que ocupava a Rádio Jornal), até quando fechou as portas definitivamente. O jornal ficou sob a responsabilidade de seus fundadores até 1964, quando o empresário José Oduque adquiriu a parte da sociedade de Zildo Guimarães e, mais tarde, comprou também a parte de Ottoni Silva. Ao longo de sua história o Diário de Itabuna teve grandes e gloriosos momentos e por lá passaram, muitos jornalistas e redatores, colaboradores e gráficos, como: Gerson Souza, Raimundo Cravo (seus primeiros redatores), Ariston caldas, Pedro Frederico Caldas, Alísio Mata Aguiar, José Benvindo, Wanderley Machado, Narcizo Santos, Christovam Crispim, Raimundo Galvão, José Roberto Pinheiro, Valdeny Andrade, Nilson Andrade, Eduardo Anunciação, Plínio de Almeida, Edvaldo Oliveira, Ricardino Batista, Valdenor Ferreira, Joselito Reis, entre muitos outros.

Dos seus grandes momentos ficou um registro importante em sua edição nº 355, de 8 de abril de 1968, com a cobertura narrada com detalhes, da morte do icônico político José de Almeida Alcântara. A edição foi esgotada antes de chegar às bancas, sendo motivo para tiragem de mais de uma. O título da manchete exibida foi “Morreu Alcântara” O Diário de Itabuna fechou suas portas em dezembro de 1995 quando fez circular sua última edição.


RÁDIO JORNAL

Em 27 de outubro de 1963 nascia a Rádio Jornal de Itabuna, com o slogan “ZYN-41, Rádio Jornal de Itabuna – Música, Hora Certa e Notícia”. De propriedade do empresário José Oduque Teixeira, os primeiros locutores contratados tinham o padrão e perfil da qualidade que a emissora exigia na época e que viveram os anos iniciais da Rádio Jornal, como: Carlos Spínola, Gesil Sampaio, Wellington Santana, Alex Kfoury, Gonzalez Pereira, Hélio Fernandes, Ernandi Lins, dentre outros. Sua primeira diretoria foi assim constituída: Diretor Presidente – José Oduque Teixeira; Diretor Secretário – Nestor Carlos Passos; Diretor Superintendente – Telmo Padilha; Diretor Comercial – Eugênio José Assis Pereira; Diretor de Broadcasting – Milton Rosário; Diretor de Jornalismo – Celso Rocha, Diretor de Programação – Carlos Spínola; Discotecário- Ricardino Batista. A proposta da RJ era ser uma emissora ao estilo da Rádio Jornal do Brasil, a JB, que era parâmetro nacional do bom gosto em rádio. O estilo foi todo copiado e houve até quem fosse ao Rio para conhecer de perto o funcionamento da rádio carioca. Até os formulários da Rádio JB foram literalmente reproduzidos pela RJ.

De outubro de 1963 a janeiro de 1966, a RJ manteve o seu padrão JB. José Oduque Teixeira percebeu que era hora de mudar. O povão precisava ouvir a rádio porque ele queria ingressar na política e pretendia ser o prefeito de Itabuna. Além disso, o faturamento estava baixo, acompanhando o nível de audiência, abaixo do das concorrentes Clube e Difusora. O radialista Edson Almeida, um jovem e empreendedor homem do rádio esportivo, à época também funcionário da Fundação SESP, foi contratado para processar a mudança e, justiça se faça a esse profissional, a fez com rara competência. Uma das primeiras preocupações do responsável pela mudança era preparar uma nova grade de  programação e contratar profissionais polivalentes, cujo perfil se enquadrasse na nova filosofia da emissora.

Em 1967 Valdeny Andrade, já com uma boa bagagem no rádio, chegava à Rádio Jornal para estabelecer um período de sucesso para a emissora. A “Era Valdeny” que durou quase três décadas, consolidou a emissora como um veículo com uma boa abordagem popular sem perder as características ecléticas ressaltadas em outros programas (Vily Modesto, Cacá Ferreira, dentre outros).

Depois de conquistar a prefeitura em 1972, Oduque nunca mais conseguiu um cargo eletivo, apesar da Rádio Jornal e do Diário de Itabuna. Talvez o desencanto político tenha se refletido no seu desinteresse pela rádio e pelo jornal, o que veio desencadear um lento processo de declínio dos dois veículos de sua propriedade. Primeiro o Diário de Itabuna, fechando as suas portas em dezembro de 1995 e depois a Rádio Jornal, perdendo pontos na audiência.


PRÉDIO DA PREFEITURA MUNICIPAL DE ITABUNA/ HOJE FTC

O prédio onde hoje funciona a Faculdade de Tecnologia e Ciências – FTC, foi construído na administração do prefeito José Oduque Teixeira, no período de 1973 a 1976, para abrigar a Prefeitura Municipal de Itabuna que nele funcionou até 1999. O local onde o prédio foi construído na década de 70 já trazia uma significativa história no passado, tendo sido Estação Ferroviária e depois a grande feira livre do município.